Certamente vc conhece alguém assim, sempre perguntando se o vinho é orgânico ou bio-dinâmico, se têm sulfito ..mesmo que não tenha a mais vaga idéia do que está perguntando. Sufito, que o povo fala por aí, é o SO2 (Dióxido de Enxofre) adicionado (preventivamente) ao vinho como anti-bactericida e/ou anti-oxidante. Ao vinho e a muitos outros alimentos também, assim como castanhas, nozes em geral e frutas desidratadas – aí sim em quantidades muito.. mais muito maiores que no vinho (não queira nem saber..).
Por um lado eu entendo a preocupação com o receio de consumir o “não-natural”, mas não entendo como levar isso a ferro-e-fogo sem nenhuma informação. Não se aborreça, não farei apologia nem a um nem a outro aqui.
Vinhos Orgânicos, Naturais, Artesanais, da Terra e mais uma pá de nominações (certificadas ou não) fazem uma confusão na cabeça de qualquer #winelover. E daí? Isso quer dizer que vou beber um vinho mais saudável? Bem… depende…
É sempre bom ingerir algo sem agrotóxicos nem química pesada. Mas daí a exigir que toda a sanitarização (isso é mesmo uma palavra de verdade?? acho que não..) seja jogada por alto parece-me um exagero. Ou pelo menos assim eu pensava. O que acontece é que tem um caminhão de gente que se preocupa com os ingredientes químicos que consumem “embutidos” nos alimentos, e aí incluo o vinho.. que pra mim é uma alimento pra alma. Essa preocupação aliada com um posicionamento socio-cultura (ser cool, hipster, estar na onda..) criou um super-nincho de mercado: natureba-chique. E quando se trata de nincho de mercado em vinhos, isso significa polêmica na certa.
A polêmica que ronda os vinhos naturais é justificada pelos críticos-de-plantão como uma questão de qualidade, pelo consumidor como uma questão de saúde, pelos produtores adeptos como uma questão filosófica, e pelos produtores não-adeptos como uma bobagem. O fato é que a cada dia, a cada dólar natureba, uma pá de gente adere aos vinhos naturais como uma escolha consciente, determinada pelo seu posicionamento alternativo. Poucos sabem ao certo as definições legais (se é que há alguma..) ao redor dos produtos orgânicos, naturais, bio-dinâmicos, etc. Tem à rodo pelos blogs de vinho, não vou aqui repetir.
Eu, daqui de minha taça, posso afirmar com 100% de certeza que um vinho bom é sempre um vinho bom. Não me importa muito muito se é natureba ou não, apenas mais um fato sobre o vinho, mas não um fator decisivo de compra. Um ranço no fundo do copo isso sim me incomoda, não um líquido turvo. Taninos de cair os dentes não me agradam em nada, não rótulos tortos pintados`a mão.
Mas os vinhos naturebas não são bons porque são turvos, tem cor esquisita, feios. Você acha isso mesmo? Ou está apenas repetindo a ladainha dos críticos-de-plantão? Vinhos laranjas são diferentes. Quem disse que o diferente não pode ser bonito? Haaaaaa… deixe disso… pre-conceito é coisa do século passado.. E mais turvo que caipirinha no carnaval.. Turvo não significa qualidade inferior. Turvo fica o vinho que não foi filtrado. Simples assim. Não é preciso complicar o vinho pra apreciar. Prove!
Acredito que há muito barulho em torno dos vinhos naturebas por desconhecimento do processo de viticultura/vinificação (e sua idealização a nível risível..), ou por puro marketing.
Aqui fica meu pitaco da vez: beba o que lhe apetece. Prove sem preconceitos. Que lhe importa se é bio-dinâmico ou não, se você gostar, compre logo de caixa! Seja feliz com seu vinho, porque a vida é muito curta pra ficar pensando o que os outros vão dizer da sua escolha de vinhos.
#prontofalei