Já estava saindo, quase na porta, quando senti um cheirinho de mofo. Logo levantei as orelhas como cachorro magro. De onde vinha, se dali a frente eram alguns degraus e a porta da rua. Aquele úmido aroma de armário fechado fez a Senhora que vinha franzir o nariz. Restaurante com “cheiro de guardado” não deve ser boa coisa, resmungou balançando suas pérolas.

Tenho isso desde sempre, alguns cheiros me levam a outros lugares. É mais fácil relembrar alguem pelo seu cheiro que seu nome. Não é difícil me pegar voando por aromas que encontro em saguão de aeroporto, em estações de metro, em feiras de rua, lojinhas minusculas mundo a fora.

Segui o “cheiro de guardado” escada a baixo em labirinto. Sem porta. Sem mesas. Chão, paredes, prateleiras e garrafas e uma fraca luz nada mais. Nao esperava por uma adega. Nao alí. Muito menos assim, viva com Bordeaux de gente grande e Bourgogne seríssimos. Fugi.

Não paro de pensar naqueles pedaços de papel grudados ao vidros das garrafas. Aromas bordaleses brotando da minha tela. Não me chame de maluca por isso, e sim por estar voltando lá hoje.

Cheiro de adega vicia..??

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